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“Água da casa”: A água solidária do Brasil

– Mineral ou da casa? Era assim que o garçom perguntava.

Água da casa” é a água comum que sai na torneira do bar ou do restaurante, pública, fornecida pelo sistema de saneamento da cidade.

Filtrada ou não no estabelecimento, ela saía das torneiras, sendo servida gratuitamente em copo, taça ou jarra, às vezes com gelo. Pelo vidro transparente aferia-se a qualidade. Até o final da década de 1990 era comum e sem restrição.

Mineral é a água engarrafada “proveniente de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas que possuem composição química ou propriedades físicas e características que lhes confiram ação medicamentosa”. Assim definida em lei desde a década de 1940 quando passou a ser oferecida em vasilhames de vidro com a publicidade de que era medicinal, fato que a diferenciava da água comum.

Chegamos em 2015 e a água da casa, pública e gratuita já não é vista nos bares, restaurantes e hotéis. As indústrias de refrigerantes e as multinacionais da alimentação entraram no mercado das fontes minerais e da venda da água potável engarrafada e trataram de excluir a água da casa de todos os lugares. Agora, conseguem convencer os donos a substituir o público e “gratuito” pelo vendido. No início eram garrafas de 500 ml, agora principiaram a substituição por garrafinhas da casa dos 200 ml.

Nos aeroportos e nos shoppings brasileiros a água gratuita é servida na entrada dos mictórios, das latrinas. Os bebedouros estão sempre enguiçados, sujos ou tomados pelo odor desagradável do local. E jamais conseguem esguichar água suficiente. Enganam a sede dos cidadãos. Crianças e idosos são os mais prejudicados. A água corrente – pública e gratuita, que deveria ser estimulada e estar à vista de todos – é escondida e sonegada. O preço e o custo da desidratação, imperceptível da população, são pagos pelo Estado, nos atendimentos do SUS ou pelos planos de saúde. Bilhões e bilhões de reais.

Nos hotéis em Brasília não se acha “agua da casa”. Ou paga-se 1,8 dólares por uma garrafinha de 200 ml de água ou sente-se muita, muita sede. Nos prédios públicos o que se vê são aqueles bebedouros com garrafões plásticos de 20 litros, comprados nas licitações.

Vi exceção no prédio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): bebedouros abastecidos com água pública fixados na parede a cada 100 metros, em todos os andares e onde funcionários e visitantes se servem sem restrição e sem esguicho de enganação. O mesmo se repete também nas salas de esperas de alguns hospitais, clínicas odontológicas e laboratórios de análises clínicas, fato que comprova que a água pública é confiável.

O preço de duas garrafinhas de 200 ml de água paga quase dois mil litros de água pública. Imagino a economia e o exemplo que os gestores públicos dariam se optassem pela água pública, que é a água de que tanto eles quanto seus familiares e os demais servidores e todos nós nos servimos quando estamos em casa, no lar, quase sempre em velhos e bons filtros de barro, de eficiência comprovada.

Nossas águas são superiores, mais agradáveis e saborosas, fato testemunhado por todos quantos já se serviram das águas de torneiras dos EUA e Europa. A água da casa, pública e gratuita, é a água social do Brasil, símbolo maior da sociedade solidária prevista como fundamento de construção da nossa República (art. 3º, I da CF).

Dentre os objetivos estatutários da Amarbrasil consta a defesa da construção de uma sociedade livre, justa e solidária. “Água da casa”, portanto, é a campanha que dá início ao movimento “Água pública: a fonte da democracia”, gestado a partir de 2009, com a experiência das ações formuladas em defesa do Reservatório João Leite, de Goiânia (GO).

O direito à “água da casa”, à água solidária, é um direito social, constitucional, com raiz na generosidade e solidariedade próprias da gente e do povo brasileiro.

– Água da casa, por favor!

Uarian Ferreira é advogado (OAB-GO 7.911) e superintendente da Amarbrasil

JOÃO LEITE que não te quero CANTAREIRA

O jornal O Popular deste domingo apresentou mais uma das grandes razões pelas quais a SANEAGO não pode mais ser instrumento de fatia política. 


Água Pública deve ser tratada como questão de ESTADO, não como instrumento de governo. Nesta questão da flexibilização da APA (Área de Preservação Ambiental) do João Leite está bem claro de que “lado” a SEMARH (Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos) está e qual será o resultado do seu Relatório, considerando a exclusão que foi infligida à população na participação das reuniões e audiências que NÃO foram públicas.

A proposta tem como objetivo reduzir a área de preservação, dando espaço para loteamentos e comércios na região. Ambientalistas e o Ministério Público de Goiás condenam o projeto e alertam para possibilidade de impermeabilização excessiva, assoreamento, desmatamento e poluição que tal medida pode acarretar, reduzindo o volume de água ou inviabilizando seu consumo.

Alckimin passará para a História como o Governador responsável pela destruição da Bacia e do Sistema Cantareira em São Paulo. Se todos estamos vendo o que ocorreu fora, por que não evitamos que algo ainda pior aconteça em nosso estado?

Perto de um bilhão de reais foram investidos no Sistema João Leite e nem mesmo por este investimento a SANEAGO grita contra os autores da proposta de flexibilização. 


É hora de nós cidadãos participarmos desta história dividindo as decisões com a democracia representativa.

A matéria  linkada no início desta postagem infelizmente só está disponível aos assinantes do jornal O Popular. O momento é de democratizar a informação! Se o assunto é de interesse público, por que não disponibilizar para o público?

Este assunto merece maior divulgação e convido o jornal a liberar a matéria na íntegra a toda a população. 

Uarian Ferreira – Superintendente da Amarbrasil

Sobre a flexibilização da APA do João Leite

Com todo o respeito pelo trabalho e intenção do Grupo, mas qualquer Projeto de ocupação imobiliária ou industrial na zona de amortecimento ou na APA do João Leite é absolutamente temerário e de alto risco, seja de responsabilidade dos empreendedores e acionistas para os danos coletivos futuros, de imagem dos negócios vinculados a danos ambientais ou seja do ponto de vista de comprometimento de saúde das águas do Reservatório que abastece a Capital do Estado.

A Proposta dos Centros Tecnológicos é antiga e boa, mas hoje absolutamente inadequados para serem instalados na Bacia do João Leite. Talvez os altiplanos localizados no triângulo composto pelos 40 Km da BR 414 que vai de Anápolis para Corumbá e vira à direita na GO-338 até Abadiânia na BR-060, sejam mais adequados e de muito melhor logística. Outros entre Anápolis e Brasília ou Leopoldo de Bulhões sejam melhores.

A população consumidora de Goiânia e Aparecida de Goiânia precisa ser conscientizada de que tem obrigação e deve pagar pelos serviços ambientais dos produtores e também pelos prejuízos das cidades instaladas dentro da APA, que estão destinadas sofrerem limitações de expansão e negócios.

É hora da SANEAGO e da SEMARH chamar a população consumidora de Goiânia e Aparecida de Goiânia para participar do Grup”. É hora de reuniões e audiências públicas com os quase 2 milhões de cidadãos que bebem da água do Reservatório João Leite. É hora das construtoras e incorporadoras de Goiânia e Aparecida serem chamadas para o debate e a responsabilidade para o futuro do abastecimento de água de seus empreendimentos.

Se a APA já foi delimitada e é para PROTEGER O MANANCIAL qualquer alteração agora me parece ilícita, considerado o interesse coletivo maior de 2 milhões de pessoas

A questão deve ser estudada com profundidade, com reuniões e audiências públicas e oitiva de todos.

Talvez seja a oportunidade de um grande exercício de DEMOCRACIA PARTICIPATIVA!!!

Uarian Ferreira – Superintendente da Amarbrasi